O Fim de Better Call Saul
Foi o que Jimmy quis dizer para Kim com seu gesto final em Better Call Saul, uma referência ao mesmo gesto que ela fez para ele durante o plano de arruinar a carreira de Howard. Acontece que o gesto soa, também, para todos nós, um desejo para que fiquemos bem após 14 anos de universo Breaking Bad.
O ciclo se fecha. Não existe mais presente, futuro, só existe agora, passado. Better Call Saul fez o grande trabalho de manter a chama de Breaking Bad viva, e nela, ainda nos deu sua continuação, com momentos relevantes à história, trazendo nostalgia e amarrando todas as pontas possÃveis e imagináveis de todo esse universo.
É uma série impecável, que foi desenvolvida ano a ano, deixando de ser aquela inicial série leve, quase cômica, para uma série tensa, obscura, tÃpica de sua série percussora, dado a inserção de personagens que levaram a isso durante as temporadas.
Mas a série é do Jimmy, e não ouse mais chamá-lo de Saul. Tem certo orgulho de seu nome, mas decidiu, finalmente, seguir sua identidade e pagar pelos crimes que cometeu. E pagou porque quis, ele tinha sete anos apenas garantidos, porém e finalmente, seguiu os passos de Kim e decidiu fazer o certo, mesmo com tamanho prejuÃzo. TÃpico de Jimmy, porque Saul Goodman não faria isso de forma alguma.
E ele acabou sendo recompensado, conseguindo um apreço de Kim, ao receber uma visita final. Não tem mais nada além daquilo, apesar de estarmos sempre torcendo para a continuidade da história, imaginando Kim dando um jeito de tirá-lo da prisão... ou bolar um plano de fuga para ele... Não. Acabou.
Jimmy preso, praticamente uma prisão perpétua; Kim não morreu; Walter continua morto; Jesse fugiu para o Alasca; Marrie teve a condenação que queria; Skyler e Walter Jr não apareceram (não precisava); enfim. Fatos que ficamos teorizando sobre eles a anos, agora sabemos e considero de profunda satisfação. Contudo, o que mais importou foi a grande jornada que nos trouxe até esses momentos.
Esperávamos que a série nos deixaria nos eventos de Breaking Bad, mas ela foi além. Uma reta final quase toda em preto e branco, mostrando detalhadamente o futuro desse universo. O episódio final foi um misto de alegria e tristeza, mas com momentos que fizeram-nos vidrar os olhos na tela, pois cada palavra, cada gesto importava. Isso sim é um grande feito de uma grande série.
Jimmy foi preso logo no inÃcio, indo para a cadeia. Logo, Saul Goodman ressurge, com sua genialidade, mas também, com seu orgulho. TÃpico de Walter, que queria matar Jesse no fim de Breaking Bad, mas ao vê-lo, decidiu pelo contrário. Aconteceu praticamente o mesmo com Jimmy e Kim.
Obviamente a série terminaria em um tribunal, mas uma imaginável maquina do tempo teve destaque, levando aos personagens a pensarem no que poderiam mudar no passado de suas vidas para que não chegassem a onde chegaram. Jimmy não teria acabado com a vida de seu irmão; Walter estaria milionário caso não tivesse deixado a empresa que fundou; Mike evitaria receber seu primeiro suborno; enfim. Assim, não terÃamos visto a história desse universo, talvez todos estariam vivos, mas esse arrependimento não é suficiente para tal, apenas, se houvesse, uma máquina do tempo.
Diferente de muitos finais de séries, Better Call Saul não usa de momentos dramáticos e emocionantes para o desfecho. Ela termina pra cima, pra frente, de bom humor. Jimmy e Kim se reconciliam, mesmo seguindo vidas opostas. Ela vai continuar ajudando os necessitados juridicamente e Jimmy continuará preso.
Mas o sinal de Jimmy para Kim, sorrindo, numa espécie de "fique bem", ou melhor, "S'all good, man", que deu origem ao nome do personagem, nos deixa de coração quente, com a certeza de uma grande jornada de uma grande série, com um grande final, de um grande universo.
Obrigado Vince, Peter e cia. Obrigado Better Call Saul.